terça-feira, 20 de maio de 2008

ÁGUA VIVA
Ferriól Cabanas

Doravante serei tua água, ocuparei teus espaços, teus guardados, tua memória.
Nivelarei tua dor abaixo de zero, erguerei o barco de teu prazer até o ponto zênite e como arca de noé exclusiva, habitarei teu líquido ser, sem o peso da brutalidade.
Como batedor, em onda gigantesca, abrirei frente para que teu caminho seja leve e confortável, pois argonauta de meu próprio tempo ancorarei a nave-mãe, para recolher a água de tua origem.
E terei como norte tua estrela, minha guia.
Aqui mesmo empenho a promessa que a saudade nunca cederá espaço para a insensatez e que a falta será apenas medida de referência para entender que quanto maior ela se expresse mais alto o encantamento.
Meus olhos, exclusivos teus, seguirão a direção de teus peitos apontando o destino despojado de cláusulas sociais ou de oferendas envernizadas.
Criarei oceanos particulares, como vasos comunicantes, para que possamos apascentar todos os sonhos cada um em seu lugar e todos em nosso império devido, construído livre da barbárie do medíocre.
E como água sua que agora sou, procurarei teu nível, pois estranhos sinais me segredaram, fomos engendrados um para o outro, como partes de uma mesma composição.
Sem amor não há sentido em nada, sem ele o mergulho é sempre no nada.
Professo meu amor por você como ato religioso, cujo paroxismo vamos deixar de herança para uma descendência de elite emocional.
E como poeta vou profetizar uma eternidade que só nos dois poderemos entender.

domingo, 18 de maio de 2008

Cisco

Olho o céu
cai uma estrela
pisco eternidade

Ferriól Cabanas - 18 mai 08